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Solitude

Capitulo I - Realização


Solidão não expressava nada em sua mente, parado ali com a testa encostada nas barras de metal da grade do primeiro andar, olhando o fraco movimento da rua e a fina cortina de chuva que cortava o ar.
Imerso em pensamentos, ele quase não percebeu que do outro lado da praça, existia uma estranha figura, uma figura negra, uma mancha em sua visão, nada mais do que mais um fantasma que assombrava suas memórias.
Parado ali, seus olhos estremeceram, sua boca se entreabriu como que para chamar algum nome esquecido há tempos. Mas nada nem ninguém podia compreender a profundidade de sua angústia, pois aquilo não era apenas mais uma figura no longo cenário urbano.
Aquilo era mais do que qualquer um podia imaginar, era a simples personificação de tudo aquilo que ele não podia encarar. Passados 22 anos de sua vida procurando a razão daquela sombra, o porquê dela sempre estar ali, rodeando seu caráter, pesquisando seus movimentos, nenhuma resposta ao alcance...
Ele desencostou das grades, olhou fixamente aquela imagem, até que ela desaparecesse como que por uma ilusão de ótica. Não achou estranho, estava acostumado com aquilo, ela sempre vinha e voltava, mas desta vez...
Percebeu algo estranho, um frio repentino cruzou sua espinha, nunca sentira medo antes, não neste nível, não era um medo físico, não era um medo de dor, de morte, ou de qualquer coisa que lhe pudesse machucar psicologicamente. Era um medo irracional, um medo que ele apesar de sentir mais forte agora, sempre estivera ali, do seu lado, atormentando seus sentidos.
Ele virou sua cabeça lentamente para a esquerda, sem piscar olhos por infinitos 10 segundos, ele via, agora, face a face, aquela sombra, se projetava do chão, não tinha forma definida, não tinha razão de existência, era apenas uma truque de sua mente, um meio que esta havia criado para lhe alertar de sua triste condição, condição que seu consciente vinha ignorando em fato de outras coisas,
A verdade era que, mesmo sem possuir nenhum vício, mesmo sem precisar de nada pra se manter são, ele tinha um problema vital, que lhe drenava a sanidade dia após dia, e noite após noite ele lhe atormentava, lhe perseguia, agulhava.
“Eu sou forte, não preciso disso” ele pensava...
“Não vou me deixar levar por algo tão banal, tão... medíocre” Martelava...
Mas agora não podia deixar de lado o fato de ter percebido a amplitude de sua condição, o nível de stress que isso lhe vinha causando por anos a fio. Nunca fora muito sociável quando criança, nunca foi muito de ação, mas estava sempre lá, disposto a agir quando fosse necessário, quando lhe era interessante, e hoje, tinha suposto domínio de suas emoções.
Não se forçava a algo que podia lhe causar alguma dor em longo prazo, não procurava reagir a grandes coisas, sempre fora tido como fraco, como o problemático, não que fosse realmente, a não ser por seu modo de pensar diferente. Solidão nunca tinha sido problema quando criança, porque seria agora?
“Se é só amigos eu os tenho” se afirmava...
“Se é só sexo eu posso ter quando quiser” sabia...
“Mas então, o que é? O que é essa imensa sensação de vazio que carrego em meu peito?” se perguntava...
Era um homem de raciocínio, um ateu, não por não acreditar em deus, mas por saber que fé era algo que se tinha apostado em nada além da ilusão de uma consciência mais leve, que ele se recusava a levar, era contra o tipo de coisa que lhe fazia se sentir melhor só porque o fazia, como ajudar os outros em troca de realização ou pena, o fazia apenas por achar que era sua vontade e então seu controle sobre a vida.
Mas controle é uma coisa que ninguém nunca irá possuir, e isso lhe atormentava dia e noite, queria fazer do mundo um lugar melhor, para todos, sem distinção, sem racismos, sem escolhas, mas que para tal, era preciso poder, sacrifício, condições especiais que ele como ser humano, nascido onde tinha nascido, vivido como tinha, não possuía e nunca iria possuir a não ser que algo extraordinário acontecesse.
É algo que todas as pessoas esperam, algo que mude suas vidas extraordinariamente para satisfazer não só suas vontades como também seus sonhos e expectativas. Mesmo elas sabendo no fundo que são vãs expectativas.
E ali se encontrava ele, parado ante sua realização, a chuva tinha parado, e haviam as poças aqui e ali, na rua, na praça, telhados babavam água suja nas calçadas, nenhuma alma viva por perto, as luzes tão próximas pareciam agora tão distantes que era como se a escuridão englobasse toda sua patética e finita existência.
Ele sabia, sabia que a morte era o fim, sabia que seu tempo era curto, sabia que proximidade era complexa e difícil, e que nada poderia manter sua vontade de achar alguém que o pudesse respeitar e compreender como ele queria, e em troca encontrar alguém que fizesse o mesmo, alguém que pudesse contar para qualquer coisa, alguém que o fizesse sentir infinito, poderoso, preenchido.
Ele precisava de alguém para amar...


Capitulo II – Alguém para amar

O que seria esta força que nos atrai à certas pessoas, que não seja apenas simples atração sexual, ou mera vontade impessoal de obter algum tipo de toque, sensação, poder de outro corpo vivente de sua mesma espécie. Mesmo que as vezes você possa ter algo parecido com por exemplo, seu amado cachorro ou gato, que você abraça na tentativa desesperada e inútil de se sentir amado, se sentir necessário neste frio mundo em que vivemos.
O que é a estranha sensação de necessidade a um abraço, um simples toque daquela pessoa que você vê como alguém importante, alguém que para você é necessária, mesmo que saiba no fundo que ela não é.
Existe o amor, e existe o amor, em si são meras palavras, elas mal descrevem aquilo que você acha que seja, e ninguém pode explicar exatamente. E isso faz você crer que o tem, quando não o tem, ou que não tem, quando ele está bem ali na sua frente, trazendo-lhe um sanduíche durante o intervalo.
Aquele sorriso que você compartilha e não quer deixar de ver, não quer deixar de possuir, é aquilo que você pensa que quer, mesmo sabendo que não é exatamente aquilo.
Ele sentia que precisava de alguém para compartilhar seus segredos, seus momentos, suas angustias e sonhos, e ter os de alguém para si, e se manter são em sua perfeição como sonhador, ele sentia que precisava de alguém para amar.
Mas não é fácil procurar, muito menos achar. Ninguém que eu conheça faz meu tipo, não só físico, não só mental, apenas o simples fato da personalidade e do lugar em qual tal pessoa foi criada, mudava toda sua vida, todo seu estilo. Me sinto azarado em nascer num lugar que não corresponde às minhas expectativas, que não possui pessoas dignas de minha própria personalidade, de minha sublime existência, se bajulava, para se manter acima da média, acima dos outros, sabia que todos eram iguais e diferentes, mas sentia que sua vida valia mais do que a dos outros, ainda que estivesse disposto a dar sua própria pela de alguém completamente desconhecida, sem imaginar o porque.
Você é o seu deus, você manda em sua vida, e quando você dorme, o mundo para, porque a razão da sua existência é para interagir com o mundo criado para lhe entreter. Todos pensam isso ao menos uma vez na vida, não importa sua religião, sua educação, sua escolaridade, é tudo parte da formação do seu ser como humano. Da criação da sua mente.
A imaginação lhe permitia interagir com o possível futuro inimaginável, não existente, impossível, improvável, criava situações para lhe confundir e lhe mostrar como poderia ter sido, como aquele alguém que lhe esperava poderia entrar em sua vida, ou como sua vida poderia encontrar alguém que viesse à amar.
Porque sua existência não era tudo, não... Não sem alguém para ver como ele era bom, como ele era deus, como era impecável e perfeito, sob todos os aspectos, superior, especial, as outras pessoas apenas não podiam compreender sua genialidade. Seu ego não era tão grande quanto seu inconsciente parecia informar, ele só sabia que era único, e pensava que se pensasse mais, poderia se tornar o que ambicionava.
Mas o poder rege nossas vidas, e sem ele, você não é nada. E ele não tinha o poder de procurar a pessoa que ele queria, porque ele acreditava no acaso, e seu amor, só poderia nascer do puro acaso. Já tivera parcerias, amigos, amantes, família, nenhum deles lhe fazia sentir especial, querido além do alcance que estes primeiros poderiam.
Família te ama porque é família, amigos te escolheram como amigos porque lhe acham interessante, ou porque o acaso lhes forneceu tempo suficiente para se conhecerem, amantes tem uma coisa em comum, o desejo carnal, a vontade do puro toque, ou até mesmo alguma proximidade e ilusão de amor realizado.
Mas o suposto amor verdadeiro, este quem diz que possui, pode até possuir, mas nunca tem certeza, afinal, é outra inconstante na vida. Nenhum poeta deixa de idolatrar este amor, mas estes nunca o tiveram de inicio tiveram? Uma coisa eles tem em comum, morreram cedo, com várias amantes e nenhum amor verdadeiro, isso é de certo.
A verdade aterradora é que nós estamos sempre atrás deste alegado amor, mesmo não acreditando, porque cada dia que passa, é um dia a menos sem ele, e parece uma eternidade quando não se tem. Ele sabia, seu tempo estava acabando. Era hora de agir, era hora de encarar a realidade.
Ainda estou trabalhando no texto, esta é a primeira versão, estou escrevendo o capitulo III agora. então por favor, paciencia. e boa leitura. =P
© 2007 - 2024 TemplarWiegraf
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